Erros em textos publicados em apostilas do
curso de Atendente em Hotelaria e Turismo do programa Qualifica Mato Grosso, do
governo do estado, ganharam espaço na mídia nacional e denegriram a imagem das
cidades de Barão do Melgaço, Cáceres, Poconé e Santo Antonio do Leverger, sendo
a empresa responsável pelo desenvolvimento do material o Instituto Concluir,
com sede em Cuiabá. De acordo com a instituição, das 7 mil apostilas, 40
apresentaram problemas e foram recolhidas. O instituto apura o caso e acredita
em sabotagem por parte de uma ex-funcionária.
A Gerência de Combate a Crimes de Alta
Tecnologia (Gecat) da Polícia Civil abriu inquérito para apurar indícios de
sabotagem. Começaram a surgir os primeiros resultados da investigação feita
pela área de Inteligência da polícia. De acordo com informações divulgadas pelo
delegado Anderson Veiga, o Concluir contratou uma pessoa sem formação superior
para elaborar e revisar todo o conteúdo das apostilas. A responsável pelo
trabalho não era funcionária do instituto, mas costumava prestar esse tipo de
serviço mesmo sem ter capacitação necessária. Foram feitas analises em algumas
apostilas e constatado que o conteúdo foi copiado de sites da internet, como a
Desciclopédia, e uma dissertação de doutorado defendida na Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), sem qualquer critério ou que os dados fossem
rechecados.
Diante da investigação, cai a tese de
sabotagem e verifica-se que houve falha humana. Isso demonstra a falta de
responsabilidade do Instituto Concluir. Onde fica a competência dessa
instituição ao contratar uma pessoa sem nível superior ou o menor conhecimento
para elaborar material de qualificação profissional?
As apostilas do curso foram confeccionadas por
meio de convênio com o governo do estado para a Secretaria de Trabalho e
Assistência Social (Setas), visando capacitar os profissionais para a Copa do
Mundo, em Cuiabá . Por que não confiar na Universidade do Estado de Mato Grosso
(Unemat) para desenvolver esse material? Sendo a Instituição de nível superior
e capacitada para realizar concursos, vestibulares e elaborar apostilas, por
que gastar dinheiro público com uma empresa terceirizada?
As apostilas diziam que Cáceres "é a
maior e mais rica cidade da Bolívia em Mato Grosso".(...) "Como a
Bolívia só aceita dentro de seu território pobreza e miséria, Cáceres foi
cedida ao Brasil e hoje figura em Mato Grosso. (...) Para saber mais sobre
Cáceres, clique em qualquer artigo sobre a Bolívia", diz outro trecho da
apostila.
O texto aponta que o município de Cáceres foi
fundado no século XVII por um "grupo misto de excomungados gatos de botas
que carregavam bandeiras, índios tabajaras, freiras lésbicas celibatárias e
fugitivos de um circo de horrores holandês". E, acrescenta: "Em 1970,
uma praga destruiu todos os pés de manga da região, o que resultou num período
de fome que matou 40% da população da época". O trecho constava no texto
da página 67 da apostila.
É inadmissível aceitar que Cáceres seja
hostilizada por uma empresa contratada pelo estado, e o próprio estado não
apresente um pedido de desculpas aos municípios em público. Será que o governo
não tem mesmo alguma parcela de culpa, já que contratou essa empresa? Será que
foi feito algum tipo de pesquisa sobre a atuação do Instituto Concluir no
mercado? O episódio poderia até motivar uma ação coletiva por danos morais, por
parte de toda a população cacerense. Primeiro contra o estado e, depois, contra
o Instituto Concluir.
Após o erro, o Instituto Concluir, chegou a
encaminhar à prefeitura um pedido oficial de desculpas pelos equívocos
grotescos encontrados no material que denegriu o município. Nesse oficio a
instituição informava que já tinha tomado as medidas cabíveis. E que reconhecia
a importância econômica e turística de Cáceres para o estado. Além do pedido de
desculpas, o concluir enviou uma nota de esclarecimento informando a postura
tomada em relação ao ocorrido e assumindo total responsabilidade pelos erros
encontrados nas apostilas.
Um dos pontos que chamou atenção no pedido de
desculpas é que o Instituto incluiu Cáceres como município da baixada Cuiabana.
Cáceres não faz parte dessa região. Mais uma vez é demonstrada a falta de
conhecimento por parte dessa empresa. Na minha opinião, esse foi um dos pedidos
desculpas mais esfarrapado que já li. O mínimo que o concluir deveria ter feito
era ter pedido de desculpas em rede nacional, assim como foi divulgado toda
essa vergonha matogrossense.
O que nós cacerenses poderíamos ter feito?
Como diz aquele ditado a "união faz a força", deveríamos ter exigido
desculpas em rede nacional de televisão e em rádios. A prefeitura não deveria
ter aceitado um simples ofício, isso é muito pouco pela humilhação que Cáceres
e os cacerenses passaram. Um pedido de desculpa através dos meios de
comunicação não mudaria a nossa vida, mas pelo menos saberíamos que a empresa
realmente teve um pouco de vergonha e de respeito por nós.
Após a conclusão da investigação, esperamos
que os responsáveis sejam punidos. E que o governo do estado dê mais valor e
importância para as nossas instituições. Cáceres merece ser tratada com
respeito por tudo que fez e faz por Mato Grosso. A imagem da nossa cidade é de
grande importância para todos. Temos que ter orgulho de Cáceres e exigir
respeito. Pensem nisso e vamos cuidar de Cáceres, assim como cuidamos de nós.
Afinal de contas, nós somos a cidade.